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O Hobbit: Uma Jornada Inesperada

O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey) - 2012. Dirigido por Peter Jackson. Escrito por Peter Jackson, Fran Walsh, Philippa Boyens e Guillermo del Toro,  baseado na obra de J.R.R. Tolkien. Direção de Fotografia de Andrew Lesnie. Música Original de Howard Shore. Produzido por Peter Jackson, Carolynne Cunningham, Fran Walsh e Zane Weiner. New Line Cinema e Metro-Goldwyn-Mayer / USA | Nova Zelândia. 


Antes de qualquer outra consideração, creio que seja necessário deixar claro que O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (2012) é um caça níquel! Não que a obra de J.R.R. Tolkien que o originou não merecesse uma adaptação, todavia, as pretensões deste novo trabalho de Peter Jackson ficam evidentes no momento em que descobrimos que ele é apenas o primeiro de uma nova trilogia. O fato de ele ser um caça níquel, no entanto, não implica que seja necessariamente um filme ruim, o que de fato ele não é. O curioso é que boa parte dos problemas que o afetam não estão em sua criação como obra cinematográfica, mas em aspectos que são anteriores à ela, como por exemplo o fato de já sabermos de antemão o destino de alguns dos personagens principais, o que acaba diminuindo o suspense e consequentemente o nível de interesse pelo desenvolvimento da trama. 

Muitos críticos apontaram as variações no ritmo como um grave problema, mas eu não vejo de tal forma. O andamento da história é lento, mas isso aconteceu também em O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel (2001), o primeiro filme da trilogia já clássica. Se há algo que afeta o filme, principalmente em seus primeiros atos, ele não é o ritmo, mas a falta de conteúdo dramático. Um tempo relativamente grande é gasto com a apresentação dos personagens e ainda assim eles permanecem carentes de uma maior profundidade, o que deixa evidentes os problemas no processo de construção de cada um deles. Este é um claro resultado da proposta de alongar ao máximo à trama para assim justificar a realização de mais dois filmes, por conta disso, personagens que eram meros coadjuvantes, ganham um maior destaque, porém, sem serem revestidos de uma complexidade, que possa justificar a evidência que ganham na história.


Talvez seja um erro estabelecer qualquer comparação entre O Hobbit e a trilogia de O Senhor dos Anéis, contudo, não me furtarei o direito de fazê-la neste que considero um dos pontos cruciais para se entender o porquê deste último filme não ter sido tão bem recebido quanto foram os outros: a carência de profundidade dramática nas relações entre os personagens. Quando escrevi a resenha da trilogia destaquei este como um de seus melhores aspectos, em cada um dos filmes pode-se notar que as maiores batalhas não eram aquelas que os personagens travavam contra seus inimigos, mas as que travavam contra si mesmos. A ausência de maniqueísmos e o humanismo presente na composição de cada um deles (mesmo na daqueles que não eram humanos) evocavam um série de representações e significações, que tornava cada um deles potenciais objetos para reflexão sobre temas sérios e complexos. 


Já em O Hobbit este foco está presente, porém um pouco embaçado, os personagens e seus feitos não são capazes de fomentar grandes discussões e em diversas passagens a complexidade sede lugar ao maniqueísmo, deixando evidente que boa parte da profundidade dramática fora de fato perdida. Mas, apesar desta notável perda de qualidade no tocante à trama, o filme ainda funciona bem como entretenimento, principalmente se evitarmos, durante a sessão, as comparações que fiz acima. Não tenho dúvidas de que ele seja bem sucedido como um filme de aventuras, o que fica comprovado pelas cenas de ação bem construídas e por sua capacidade de tornar interessante uma trama que, dada sua condição, já nasceu previsível.


O Hobbit ao qual o título do filme se refere é o Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) (para quem não se lembra ele é o tio do Frodo, um dos protagonista de O Senhor dos Anéis), ele é um jovem medroso e acomodado que nunca saiu do condado onde mora, isso  até o dia em que ele é surpreendido pela visita do mago Gandalf (Ian McKellen), que o convida para uma arriscada aventura... Em um passado não muito distante, o reino dos anões fora invadido e dominado por Smaug, um dragão de fogo que se apossou da cidade sede e de todo o seu tesouro. O tempo passa e Thorin (Richard Armitage), príncipe dos anões, reúne alguns guerreiros de seu povo para tentar retomar o reino que fora tirado de seu avô no passado, para tal ele conta ainda com o  apoio de Gandalf, que acompanha o grupo em sua arriscada jornada. O pequeno Bilbo fora o escolhido pelo mago para uma difícil tarefa e sua suposta fragilidade desperta a desconfiança de Thorin e de seus aliados.


Esta sinopse, apesar de não ter spoilers, é o suficiente para nos colocar à par de tudo o que acontecerá durante o filme, inclusive de suas reviravoltas, tudo é muito previsível e, obviamente, isso prejudica o filme.  Para compensar a superficialidade da trama, Peter Jackson aposta nas firulas técnicas (não por acaso, boa parte da publicidade do filme se concentrou no uso da captura com 48 frames por segundo). O excesso de efeitos visuais, ao qual o filme recorre, produz algumas cenas que são, ao meu ver, completamente dispensáveis, mas há que se reconhecer que a reconstrução visual da Terra Média feita aqui é praticamente impecável, o que denota uma significativa evolução tecnológica quando em comparação com os três filmes anteriores, o que é natural, uma vez que quase 10 anos se passaram desde o lançamento de O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei, o último da primeira trilogia.


Longe de ser um filme ruim ou descartável, O Hobbit é capaz de nos proporcionar bons momentos de diversão. Acredito que a impressão final que temos dele está diretamente ligada às expectativas que criamos. Se esperarmos dele algo à altura de seus antecessores certamente ele nos decepcionará, mas se analisarmos seus próprios atributos sem usar a comparação como condicionante seremos capazes de reconhecer cada um de seus aspectos positivos, que apesar de não o tornarem um dos melhores filmes do ano, fazem ao menos com que o saldo de sua longa duração seja no fim das contas bastante positivo. 


O Hobbit: Uma Jornada Inesperada foi indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte, Maquiagem e Figurinos e Efeitos Visuais.

Assistam ao trailer de O Hobbit: Uma Jornada Inesperada no You Tube, clique AQUI ! 

A revelação das passagens aqui comentadas não compromete a apreciação da obra.

Confiram também aqui no Sublime Irrealidade a crítica da trilogia de

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